Hoje recebi
uma ligação de uma amiga, chamada Mônica. Ela queria saber se estaríamos
realizando alguma ação social com crianças, haja vista hoje ser o dia delas, ao
que respondi que já havíamos feito no último sábado lá no CECON com as crianças
da evangelização. Então ela disse:
- Sabe o que é
Jaime? Eu queria ajudar. Doar alguns presentes!
Então pensei
um pouco e lembrei-me de uma família carente que mora próximo de nossas
residências, alí no Beco do Bom Pastor.
- Mônica, há
uma Família, vizinha de Aparecida (nossa
companheira de trabalho edificante), que tem algumas crianças, pelo
menos umas seis! Vou falar com ela pra ver sexo e idade e te falo.
- Ótimo, vou
aguardar teu retorno.
Assim nos
despedimos e eu fui cuidar dos meus afazeres domésticos, depois fui à gráfica
retirar os convites para a 2ª Semana Espírita de Juruti e em seguida, ao
encontro de Aparecida. Como ela ficou em dúvida quanto ao número de crianças,
por que alguns alternam entre o interior e a cidade, resolvi ir até a casinha
deles verificar in loco.
Ao chegar, já
fui recebido por 3 crianças. Chamei a avó, que cuida deles e perguntei nomes e
idades, separando em duas listinhas de meninos e meninas. Eram oito crianças,
entre 01 e 06 anos, netos de duas filhas diferentes.
Então fui ao
encontro de Mônica para entregar a listinha a fim de que ela providenciasse os
presentinhos. Quando tive a grata surpresa de conhecer sua mãe que havia vindo
de Caicó-RN em visita à sua casa. Então começamos a comparar os climas das
regiões Norte e Nordeste. Entre calores e ventos litorâneos, conversamos sobre
pobreza e miséria. Ela então me contou sobre um trabalho assistencial realizado
por ela, de visita a um presídio lá em sua terra natal. E disse-me algo que
calou fundo em minha alma:
- Eles podem
perder a liberdade, mas não devem perder a dignidade. Temos que ajuda-los,
diminuindo seus sofrimentos.
Refleti
bastante sobre isso e percebi que esse pensamento se aplica a qualquer situação
que coloque o ser humano, o indivíduo, em uma condição sub-humana. A condição
humana digna é um direito universal. Mas não é só obrigação dos governos ou da
ONU. É obrigação moral e cristã de qualquer um que entre em contato com esse
desvio social.
Despedi-me de
Monica, de sua mãe e de seu namorado Rhaymá.
No final da
tarde o telefone toca, era 16:00h. O display do celular indicava: Mônica. Devia
estar tudo pronto! Atendi e combinamos de levar os presentes comprados por ela
para as crianças. Encontramo-nos, eu, ela e Rhaymá e fomos em direção do nosso
destino.
Ao chegarmos,
bati no portão de madeira, uma das crianças que estava na casa ao lado veio
correndo como um raio. Outras duas que estavam lá atrás vieram correndo abrir o
portão. Elas sabiam que eu iria voltar e estavam na expectativa desse retorno.
Entramos e
todas as crianças, acompanhadas das mães e da avó, se reuniram no puxadinho
lateral da casa simples de madeira, sobre palafitas de uns 80cm. Fiz as
apresentações, conversamos um pouco sobreas crianças e o casal amigo começou a
distribuição dos presentes.
Essa casa é
uma das residências às quais distribuímos sopão aos sábados, então perguntei,
como sempre faço:
- Quem come
todas as verduras da sopa?
Apenas duas responderam:
- Eeeeeu!!!
Então fiz o
alerta:
- Tem que
comer todas as verduras e legumes da sopa pra ficar forte!!!
Tentei brincar
com a mais bebezinha de 1 ano, Vanessa, mas ela não quis e começou a chorar
agarrando-se na avó. Então fui ensinar Janisson (que eu chamo de Mike Tyson por
causa do rosto sisudo) de 2 anos a brincar com o caminhão que ganhou. Enquanto
isso, Mônica se desdobrava em atenções com as outras crianças. Ficamos mais uns
dez minutinhos vendo as crianças brincarem com os presentes que ganharam.
Ao final da
visita, convidei todas as crianças a dar um abraço de agradecimento pelos presentes
em “Tia Mônica”. Apesar de estarem um pouco sujas, por causa da terra preta do
lugar, Mônica recebeu os abraços carinhosamente e, sem pudor nem reservas, ainda
buscou abraços dos demais que não vieram até ela.
Nesta tarde,
busquei ver os rostinhos das crianças iluminados pelo sorriso de alegria, mas o
maior presente quem ganhou fui eu, ao ver a emoção da própria Mônica. Por que ao
tentar fazer as crianças felizes, ela se tornou feliz e seu rosto se iluminou.
E ela se sentiu bem. Por que fazer o bem faz bem!
Por Jaime Albuquerque
Juruti, 12 de outubro
de 2016.
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